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O nothing,nowhere. acaba de lançar um single que inaugura uma nova fase artística. “John Wayne (I Wanna Be A Cowboy)” apresenta a já conhecida tristeza de Joe Mulherin com toques e instrumentos associados ao country, como violões de aço e uma gaita. No entanto, a já conhecida tristeza e melancolia seguem renovadas para a nova fase, que traz como estética um cowboy pintado de palhaço triste.

Mas como chegamos até aqui? Como essa amálgama de símbolos foi construída a ponto de fazer algum sentido?

Conheça um pouco mais de nothing,nowhere.

Joseph Edward Mulherin, conhecido pelo seu nome artístico nothing,nowhere., é um cantor, compositor e rapper americano. Nascido em 4 de junho de 1992, em Foxborough, Massachusetts, Mulherin começou a ganhar atenção na cena musical em meados da década de 2010. Ele adotou o pseudônimo nothing,nowhere. para refletir o sentimento de anonimato e isolamento que permeia grande parte de sua música.

Como é o som do nothing,nowhere.?

nothing,nowhere. é conhecido por sua habilidade em mesclar diferentes estilos musicais. Seu som combina a sensibilidade lírica do emo com os ritmos e cadências do rap, resultando em um gênero muitas vezes referido como emo rap.

Nos discos mais recentes, suas músicas também incorporam elementos de rock alternativo, indie e música eletrônica, dando uma pegada mais animada para as músicas outrora tão soturnas.

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As letras deJoe Mulherin são conhecidas por sua profundidade emocional e tristeza. Ele frequentemente aborda temas como saúde mental, solidão, dor e auto-reflexão.

Grande parte do trabalho inicial de nothing,nowhere. foi produzido de forma independente em seu quarto, utilizando equipamentos de gravação caseiros. Essa abordagem permitiu um controle criativo completo sobre sua música e desenvolveu uma estética autêntica e crua.

Principais Álbuns e Músicas do nothing,nowhere.

Reaper (2017):

O álbum “Reaper” é o cartão de visitas do nothing,nowhere., com faixas como “Hopes Up”, que conta com Dashboard Confessional, e “Clarity in Kerosene”, que é muito boa. Este álbum ajudou a consolidar seu lugar na cena emo e a atrair a atenção de um público mais amplo. Alguns dos seus maiores sucessos estão nele,

Ruiner (2018):

Com “Ruiner”, nothing,nowhere. atingiu o que considero o auge do seu estilo até hoje, dosando perfeitamente o rap envolvente e gostoso de se ouvir, com a melancolia poética do emo. Todas as faixas terminam com “-er” e geralmente são ofensas – proferidas contra si mesmo. Explorando temas de desespero (pela vida) e redenção (pela música), faixas como “Hammer” e “Ruiner” destacam sua habilidade em combinar letras profundas com métricas envolventes.

BLOODLUST (2018):

Essa pequena pérola da carreira de nothing,nowhere. muitas vezes passa desapercebida pelos desavisados. Em parceria com o Travis Barker, baterista do Blink-182, em todas as músicas, esse EP é uma peça inescapável para quem gosta de música emo. Ele é excelente. É muito, muito bom. Se eu tivesse de dizer para você ouvir uma coisa do nothing,nowhere., sugeriria este EP. Ele está na íntegra no link abaixo, apenas dê o play e deleite-se por 17 minutos.


One Takes (2020):

Ao longo dos anos, Mulherin foi divulgando versões acústicas de suas músicas no Youtube. Muitas versões ficaram incríveis, com algumas inclusive superando as originais. É o caso, por exemplo, de “rejecter”, em que ele insere uma explosão no último refrão que, para mim, é a melhor coisa que o n,n. já fez.

Em 2020, após muitos pedidos, Joe divulgou o compilado dos One Takes nas plataformas de streaming junto com um cover de “Never Meant“, do American Football.

Trauma Factory (2021):

O álbum “Trauma Factory” um momento mais animado do nothing,nowhere., incorporando uma maior agitação nas melodias e apresentando uma produção mais polida. Nos clipes, ele passou a mostrar mais o rosto e inclusive chegou a fazer clipes bem coloridos. Músicas como “Fake Friend” e “blood” são alguns dos destaques.

Dark Magic (2024)

Em fevereiro de 2024, Joe divulgou o novo disco, Dark Magic. Nessa nova produção, parece faltar um pouco de impacto. É como se o que ele tentou de novo não tivesse dado certo, e o que ele reproduziu das coisas antigas, não ficaram tão boas. A execução é fraca tanto sonora quanto liricamente. Algumas músicas lembram sua era “ruiner”, como “Haunted Home”, “Beige” e “Lovelylittlehell”, que funcionam bem.

Influência na Cena Emo Rap

Como um dos pioneiros do emo rap, nothing,nowhere. influenciou muitos artistas emergentes no gênero. Sua fusão de estilos e abordagem lírica inspirou um fortalecimento do rap emo que chegou a ter resultados muito bons na última década, como The Kid LAROI.

nothing,nowhere. ao vivo

Devo admitir que o que assisti do nothing,nowhere. ao vivo foi bem decepcionante. Ele não tem muita presença de palco, e aquele menino que gravava músicas tristes no quarto demonstra uma certa dificuldade de manter a energia vibrante em um palco. Mas você pode ter um gostinho e tirar suas conclusões nessa live.

O próximo lançamento do rapper, “Hell or Highwater”, está marcado para o próximo dia 28 de junho e já é possível fazer o pré-save aqui.